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Previsões de consumo de lácteos para 2024




A compreensão do consumo de leite e derivados é uma necessidade estratégica tanto para a indústria quanto para os demais agentes da cadeia de lácteos. Com a dinâmica do mercado em constante evolução, impulsionada por fatores como mudanças nos hábitos alimentares, preocupações com a saúde e sustentabilidade, e avanços tecnológicos, prever o consumo de leite e seus derivados torna-se crucial para o planejamento estratégico e a competitividade do setor.

Dados oficiais de consumo de alimentos são escassos no Brasil. Este artigo contribui para gerar informação de maneira inovadora, usando dados do Google Trends para prever o consumo de leite e derivados.

Foram empregados dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) do IBGE que fornece a quantidade vendida e o valor das vendas de produtos lácteos por ano no país. No entanto, os últimos dados disponíveis são de 2021. Para estimar dados mais atuais, comparamos todo o conteúdo de buscas sobre leite e derivados no Google Trends, que está disponível no Observatório do Consumidor, com os dados da PIA para verificar a correlação de Pearson.

A correlação de Pearson é uma medida estatística que descreve o grau de relação linear entre duas variáveis quantitativas, permitindo inferir o quanto uma variável pode prever outra. Varia de -1 a +1. Quanto mais forte é a correlação, mais precisa é a previsão de uma varável com base na outra. Valores acima de 0,9 indicam boa previsibilidade. As correlações apresentadas na Tabela 1 mostram que o Google Trends pode ser usado como previsor da quantidade vendida e, ou receita de vendas de manteiga, queijos, requeijão, leite condensado e iogurte, já que todos apresentaram correlação acima de 0,9 tanto para quantidade vendida quanto para receita de vendas. Essa forte correlação sugere que o comportamento dos consumidores na internet pode ser um indicador antecipado das mudanças nos padrões de consumo.

Considerando apenas os produtos que apresentaram altas correlações entre vendas e Google Trends, usamos um modelo de previsão para realizar uma estimativa da quantidade vendida para estes derivados. A Tabela 2 apresenta essas estimativas de 2022 a 2024.

Seguindo a tendência do que ocorreu no Google Trends, os dados da Tabela 2 indicam uma redução no consumo de manteiga e queijos em 2022, seguida por uma diminuição na demanda por leite condensado nos anos subsequentes, 2023 e 2024. Este declínio pode ser atribuído à crescente busca dos consumidores por opções mais saudáveis, além do impacto do aumento de preços e da inflação sobre esses produtos.

A queda na procura por leite condensado pode sinalizar uma tendência em direção a uma alimentação mais saudável, também influenciada pelo aumento do custo do produto em meio a um cenário inflacionário. Similarmente, o aumento dos preços parece ter influenciado adversamente o consumo de manteiga e queijos.

No segmento de queijos, considerando o requeijão e a muçarela, ambos com aplicações culinárias amplas e versáteis, pode ter havido uma dinâmica de substituição baseada em variações de preço. Em 2022, a disparidade de preços entre esses dois tipos de queijo intensificou-se, com a muçarela sendo particularmente afetada pela inflação, o que pode ter levado os consumidores a optarem pelo requeijão como alternativa mais econômica em diversas receitas tradicionais da cozinha brasileira, de lanches rápidos a pratos mais elaborados como pizzas e lasanhas.

Contudo, projeta-se um revigoramento geral no consumo de todas as categorias de produtos lácteos analisadas para o ano de 2024, com exceção da manteiga. Espera-se que os incrementos mais expressivos ocorram nos segmentos de queijos e iogurte, com crescimentos estimados em 8% e 6%, respectivamente. Essa tendência ascendente sugere uma mudança positiva na dinâmica do mercado, potencialmente indicativa de uma maior valorização por parte dos consumidores de produtos percebidos como mais saudáveis e práticos. No entanto, a variabilidade nas correlações entre diferentes produtos indica a necessidade de abordagens específicas para cada categoria de produto.

Para os agentes do setor de laticínios, esses insights oferecem uma oportunidade valiosa para ajustar estratégias de produção, marketing e desenvolvimento de produtos, alinhando-as com as tendências de consumo emergentes. O uso de ferramentas analíticas como o Google Trends, combinadas com dados oficiais, pode aprimorar significativamente a capacidade de previsão e planejamento, contribuindo para a competitividade e inovação no setor.

Deste modo, produtores e empresas de laticínios podem não apenas atender melhor as demandas do mercado, mas também antecipar-se a elas, posicionando-se de forma proativa diante das mudanças no comportamento dos consumidores.

POR KENNYA SIQUEIRA E YGOR MARTINS GUIMARAES

Fonte: PANORAMA DE MERCADO /MILKPOINT


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