O pecuarista Marcos Bortolini não esconde: dentre os 56 animais de seu plantel, a sua preferida é a fêmea Bortolini Lorena Lavanguard 895. “É uma vaca do tipo que eu gosto. É uma vaca de pista, boa, bonita, produtora e que emprenha fácil. É o sonho de todo produtor”, diz o criador, que mantém uma pequena propriedade em Francisco Beltrão, na região Sudoeste do Paraná.
Agora, Bortolini tem um motivo a mais para celebrar. Com 76 litros produzidos em um único dia, Lorena Lavanguard bateu o recorde de produção diário do Estado, segundo dados do sistema de controle leiteiro da Associação Paranaense dos Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH). Lorena Lavanguard passou por seu terceiro parto em setembro de 2019 e atingiu o pico de produção em 6 de janeiro deste ano.
A produtividade da vaca não se deu por acaso. Ela faz parte da terceira geração de uma linhagem iniciada na propriedade, desde que Bortoloni começou a apostar em genética. A mãe de Lorena já está em seu quinto parto e também obtém bons resultados de produção. “Ela pariu no dia de 10 fevereiro e deve passar dos 50 litros [de leite produzidos por dia]. A nossa expectativa é de que elas venham a se tornar uma ‘vaca vitalícia’ [fêmeas que produzem mais de 100 mil litros de leite ao longo de sua vida produtiva]”, vislumbra Bortolini.
A forma como Marcos Bortolini e seus pais – Bruno e Zolaine Bortolini – conduzem a propriedade cai como um bom exemplo de que a aposta em genética não deve se restringir a grandes produtores. Mesmo pecuaristas com um plantel menor obtêm excelentes resultados ao longo dos anos, a partir da seleção gênica, moldando seu rebanho de acordo com as características que querem evidenciar. Em dez anos, os resultados foram surpreendentes.
“Nós começamos a trabalhar com inseminação artificial em 2010, procurando as vacas que sejam boas produtoras, com longevidade e com filhas que emprenhem fácil. São essas as características que temos buscado”, aponta o pecuarista.
Qualificação
Até 2005, a pecuária leiteira representava apenas uma atividade complementar à família Bortolini, que privilegiava a produção grãos, aves e suínos. Naquele ano, após passar uma temporada em Curitiba, Marcos Bortolini havia regressado a Francisco Beltrão. Ele fez o Programa Empreendedor Rural (PER), do SENAR-PR, em parceria com o Sebrae-PR e a Fetaep, quando elaborou um projeto para voltar a propriedade exclusivamente à produção de leite. Foi o primeiro passo.
“Por ser uma propriedade pequena e não ter muita terra para plantar, eu apostei que o leite poderia nos dar um bom ganho. Tivemos dificuldades, é claro. Passamos por momentos difíceis, mas hoje, está tudo beleza”, aponta Bortolini. “De cara, eu senti paixão pelo gado holandês”, acrescenta.
Mas não foi só a paixão que impulsionou o negócio da família. Após o PER, Marcos Bortolini não parou de procurar qualificação. Concluiu os cursos “Formação por competências na bovinocultura de leite” e “Inseminação artificial na bovinocultura de leite”, também do SENAR-PR. A partir daí, ele percebeu que poderia melhorar o plantel por meio da seleção genética. Além de ter exemplares que são grandes produtoras, o rebanho de Bortolini chama a atenção pela beleza. Lorena Lavanguard, por exemplo, já ganhou três prêmios de pista, quando os animais são avaliados quesitos como porte e conformação.
“A genética fez com que a gente chegasse a um plantel bom, com um maior valor por animal. As pessoas que não conhecem o assunto pensam que genética é coisa de grande produtor. Não! Por ser uma propriedade pequena, nós temos que extrair o máximo de cada vaca. Tem que ter genética para isso”, aponta Marcos Bortolini.
Além da qualificação em genética, o pecuarista também concluiu uma série de outros cursos do SENAR-PR, desde em formações voltadas à gestão da propriedade e ao manejo até capacitações mais específicas, como operação de ordenhadeira mecânica e casqueamento. Bortolini diz que não cursou terceiro grau, mas que considera que os cursos do SENAR-PR tiveram, para ele, o papel de uma faculdade. “Eu fiz o colegial e parei. Não fiz faculdade. Os cursos do SENAR-PR foram a minha formação. Foram uma ‘mão na roda’, viu? Hoje, a gente só chama veterinário para casos clínicos. O resto, eu faço tudo”, diz o criador.
Expansão
Para os próximos anos, a família Bortolini – que hoje produz cerca de 550 litros por dia – planeja expandir o negócio, de modo a praticamente dobrar de tamanho. Hoje, os animais são mantidos em sistema de semi-confinamento. O plano é construir um barracão com capacidade para manter 100 animais, em sistema de confinamento compost barn. “A nossa ideia é, em três ou quatro anos, chegar nessa capacidade máxima, de 100 animais confinados”, revela Bortolini.
Paralelamente, os Bortolini começaram a apostar na venda de embriões, por meio de uma parceria com uma empresa de Chapecó, município de Santa Catarina. A intenção é de que os lucros obtidos por meio da comercialização do material genético possam custear a construção do barracão e a expansão da propriedade. “É mais uma área em que estamos atuando e que vai nos ajudar nesse plano de continuar produzindo leite com qualidade, com apoio da genética”, diz Marcos.
As informações são do Sistema FAEP.
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