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Serras da Ibitipoca é reconhecida como região produtora de Queijo Minas Artesanal


Produtores de queijo de 15 municípios mineiros serão beneficiados com a publicação da Portaria 2.016/2020, que identifica a região das Serras da Ibitipoca como produtora de Queijo Minas Artesanal (QMA). Com o reconhecimento, concedido pela Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) por meio do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), entidade vinculada à pasta, essa passa a ser a 8ª região de Minas Gerais reconhecida como produtora da iguaria.


A portaria, publicada pelo IMA no Diário Oficial no fim de novembro, teve como base um estudo técnico produzido pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), também vinculada à Seapa. As cidades que integram a região produtora estão distribuídas no Sul, Sudoeste de Minas, Zona da Mata e Campo das Vertentes. São elas: Andrelândia, Arantina, Bias Fortes, Bom Jardim de Minas, Lima Duarte, Olaria, Passa-Vinte, Pedro Teixeira, Rio Preto, Santa Bárbara do Monte Verde, Santa Rita do Ibitipoca, Santa Rita do Jacutinga, Santana do Garambéu, Seritinga e Serranos.

O superintendente de Abastecimento e Cooperativismo da Seapa, Gilson de Assis Sales, explica que a identificação da região como produtora de QMA significa que o Governo de Minas reconhece que os produtores locais seguem o processo tradicional de produção do Queijo Minas Artesanal, utilizando leite cru, coalho, pingo (fermento natural), sal, prensagem manual e, por fim, fazem o processo de maturação.

“Essa é uma grande conquista para a região, que agora poderá comercializar o seu queijo de forma legal, uma vez que o QMA já tem o seu regulamento reconhecido pelo Governo de Minas”, comemorou o superintendente. “Além disso, a portaria reforça o apelo histórico e cultural dessa região para a produção do QMA, que, por se tratar de um local com forte vocação turística, certamente a caracterização trará ainda mais desenvolvimento para os produtores e para os municípios”, complementou Sales.

A publicação da portaria está em consonância com o Decreto n° 48.024, publicado em 19 de agosto de 2020, que dispõe sobre a produção e a comercialização dos queijos artesanais de Minas Gerais, e que tem na Seapa o papel de coordenar todo o processo de regulamentação e elaboração das políticas públicas voltadas para os queijos artesanais de Minas Gerais. Carla Silva, que é coordenadora do programa Certifica Minas Queijo Minas Artesanal, do IMA, lembra que a portaria foi elaborada após uma solicitação dos representantes dos produtores das Serras do Ibitipoca junto à Seapa.

“Nós analisamos o estudo técnico da Emater-MG, que forneceu uma base para pesquisarmos trabalhos publicados por pesquisadores, mestres e doutores em universidades; fontes primárias, como objetos contidos no acervo histórico de Juiz de Fora; livros de viajantes da época, publicados por editoras; e todos os demais dados disponibilizados publicamente por nossas instituições governamentais”, detalhou.

Ainda de acordo com Carla, é muito gratificante conhecer um pouco mais da história de Minas Gerais, a cultura, o modo de viver, de se fazer o queijo, constatar todas as mudanças ocorridas ao longo dos tempos e os novos rumos que a região está tomando. “É gratificante ter a oportunidade de vivenciar tudo isso, o IMA se orgulha muito de poder auxiliar no reconhecimento das regiões produtoras de QMA. É um grande prazer servir ao nosso povo e à nossa história”, complementa a coordenadora.

Caracterização - O estudo de caracterização integrada dos municípios da região das Serras da Ibitipoca como produtora do QMA, realizado pela Emater-MG, em 2018, foi desenvolvido em parceria com Instituto Federal de Rio Pomba e prefeituras. O trabalho identificou que o QMA é produzido e comercializado na região Serras da Ibitipoca desde o século XVIII.

O estudo ainda ressalta que a caracterização da região Serras da Ibitipoca representa uma contribuição no campo científico e, por se tratar de um processo interdisciplinar, que envolve história, cultura, meio ambiente, economia, política e sociedade, abrirá um vasto campo de estudos para instituições de ensino, pesquisa e extensão.

“Apesar de o volume ainda ser pequeno, com a nova portaria a região irá alavancar a sua produção de queijo”, argumenta a extensionista da Emater-MG Maria Dalva Pereira. Ainda segundo o estudo de caracterização, a contribuição no campo social se refere à inserção dos produtores de queijo no mercado formal, promovendo justiça social ao oferecer dignidade e possibilitar o acesso a capacitações e assistência técnica específica em suas propriedades.

A caracterização, feita a partir da demanda dos produtores de queijo da região, reconhece os municípios produtores por meio de diagnóstico de produção, levantamento histórico, cultural e da caracterização integrada de meio físico, fundamentada na análise integrada de Unidades de Paisagem.

“O documento de caracterização do Queijo Minas Artesanal é um dos passos importantes para conhecer a realidade dos produtores. Além disso, a exigência de adequação do produto às regulamentações vigentes de produção e comercialização é outro passo a ser seguido, sendo uma forma de agregar valor ao produto e minimizar os riscos de transmissão de doenças ao consumidor”, afirma Marciana de Souza Lima, assessora técnica da Emater-MG.

Marciana ainda ressalta que a qualidade da matéria-prima é determinante para a obtenção de um bom produto. Isso é possível a partir das boas práticas agropecuárias (BPA) e das boas práticas de fabricação (BPF), que garantem a “segurança e a qualidade dos queijos e atendem às exigências do mercado e a legislação sanitária vigente. Trabalhos estes de grande relevância que são realizados pela Emater-MG”, completa a assessora técnica.

Comemoração - Presidente da Associação dos Produtores de Queijo Minas Artesanal da Região das Serras da Ibitipoca (APROQ), Maria Elisa de Almeida, que também é produtora de queijo na cidade de Lima Duarte, disse que todos estão muito contentes com a publicação da portaria.

“Historicamente, a nossa região é produtora de Queijo Minas Artesanal, o que foi demonstrado pelo trabalho de caracterização. Essa nova portaria vai estimular nossos produtores a regularizar suas queijarias e a produzir cada vez mais o QMA, que agora é regulamentado pelo estado. Com essa conquista, nossos queijos poderão ganhar o mercado e o mundo”, destacou a produtora.

Fundada em 2019, a APROQ conta atualmente com mais de 25 associados e representantes em praticamente todos os municípios que compõem a região. Entretanto, ainda há pouco volume de produção, com aproximadamente 100 kg fabricados mensalmente em cada queijaria.

“A maioria produz queijos visando o consumo próprio, de vizinhos e visitantes. Mas queremos os turistas, técnicos e autoridades para comprovar nossa força e vontade de vencer. Nosso queijo carrega um sabor característico de nosso clima de montanha e águas de excelente qualidade, além, é claro, da cultura do nosso ‘saber fazer’ do queijo”, completou a presidente da associação local.

As informações são do Emater-MG.

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