O processo de fermentação do queijo é natural, sem adição do chamado pingo, que serve para coalhar o leite que será utilizado na produção.
Minas Gerais é conhecida por sua excelência na produção de queijos e seus derivados. Quem nunca ouviu falar ou até mesmo se deliciou com o queijo canastra?
Mas, além dos mineiros, os moradores da Ilha de Marajó, no Estado do Pará, também são especialistas na arte da queijaria. E, para produzir o famoso queijo marajoara, os produtores da região se diferenciam dos demais no que diz respeito à matéria-prima utilizada.
Bruna Peua faz parte de uma família que produz o laticínio feito com leite cru de búfala há mais de um século. “Ele é feito com leite cru de búfala, cem por cento leite de búfala, passa por um processo de fermentação natural e também por um processo que não existe em outros queijos que, pelo menos, eu conheço, que é o processo de fritura. Na verdade, é o cozimento da massa mas que aqui, culturalmente a gente chama de fritura. E é ai que ele vira, que para fora, chama-se requeijão de corte, mas aqui a gente conhece como nosso queijo do Marajó, explica.
A produtora também ressalta que o processo de fermentação do queijo marajoara é natural, sem adição do chamado pingo, que serve para coalhar o leite que será utilizado na produção. Bruna cuida para que os produtos da Laticínio Artesanal Baio Peua mantenham a tradição de sabor e qualidade, que garantem o selo de artesanal.
“Que ele tem o cuidado com a segurança de quem vai consumir e de quem produz, que é o principal para que o produto seja comercializado. E a garantia de um produto artesanal é a questão dos valores que estão empregados, a tradicionalidade também empregada, a cultura. Hoje, você ainda tem produtores e queijeiros que é um ofício de família com mais de 50, 100 anos”.
O queijo é o queridinho dos moradores da ilha e não é para menos, além do sabor único, o produto também ajuda a movimentar a economia de todo o Marajó, como explica a cozinheira Tainá Marajoara.
“O queijo do Marajó é um preparo cultural, ele é identitário do arquipélago marajoara, especialmente da região dos Campos. O queijo do Marajó tem um papel importante na dieta da população e além disso, o queijo também é uma fonte de renda e que faz com que as pessoas permaneçam no território marajoara praticando a sua cultura”.
Tainá é uma das responsáveis pelo ponto de cultura alimentar Iacitatá, um espaço localizado no centro de Belém que serve refeições baseadas na culinária local. Ela fala que por lá, o queijo marajoara também tem espaço garantido nas receitas.
“Usamos o queijo marajoara em todas as refeições no Iacitatá, desde o café da manhã, no café descolonial, onde ele pode ser consumido junto com bijus de macaxeira, coco, beiju só de farinha de tapioca, ou mesmo, com pães caseiros preparados na casa. No almoço ele entra em diversos preparos, ele tá sempre presente no cardápio que contém laticínios e proteína animal”.
A cozinheira conta ainda que o produto também é utilizado na preparação de sorvetes e sobremesas, como queijo do Marajó coberto com doce de leite de búfala e farinha ou com doce de cupuaçu e castanha-do-pará.
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