A poucos dias de completar cinco meses que obteve o registro de sua queijaria, no Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), a produtora de queijo Minas Artesanal e empreendedora, Maria Geralda de Souza Silva, de Tapira, é toda sorrisos e não tem do que reclamar dos resultados de sua atividade. Depois de um processo de quase quatro anos, ela é a primeira produtora do município, na microrregião de Araxá, a conseguir também o Selo Arte para o seu estabelecimento.
A chancela, que também é concedida pelo órgão estadual de inspeção sanitária, permite a venda para outros estados de produtos alimentícios artesanais como queijos, entre outros. A Emater-MG, vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa-MG), orientou e monitorou, por meio de seus técnicos, todo o processo de registro e a conclusão do requerimento do Selo Arte.
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A técnica de Bem-estar Social da unidade regional da Emater-MG de Araxá, Gisele Maria Santos, explica que a produtora tapirense atendeu todos os requisitos necessários para chegar ao Selo Arte. “Ela teve capacitação em boas práticas agropecuárias; estruturou a queijaria de forma adequada. Também fez o exame do gado e os exames fisico-químicos e microbiológicos do queijo e da água. Todo o processo foi acompanhado pela Emater-MG, do começo ao fim”, afirma.
A produtora Maria Geralda conta que não foi fácil chegar ao Selo Arte, que demanda ajustes e adequações, e teve vontade de desistir. Mas a persistência venceu. E hoje ela acha que valeu muito a pena ter continuado.
“A técnica da Emater vinha todo dia e falava: ‘tenha paciência, você vai conseguir’. É assim mesmo. Então fomos pelejando. Finalmente chegou o Selo Arte. Graças a Deus! Eu vendo queijo para Brasília, Uberlândia, São Paulo, Curitiba e Ribeirão Preto”, comemora.
Produção - Atualmente, a produtora de Tapira fabrica sozinha, em média, de oito a dez quilos de queijo por dia, dependendo da produção diária do leite da propriedade. “A minha produção varia, porque cada dia a vaca dá um tanto de leite, mas fica em torno disso”, explica.
Segundo Maria Geralda, a renda com a venda do produto aumentou 100%, pois as modificações implementadas agregaram valor ao produto. Os pedidos de compra do queijo não param e ela atende demandas de compras que variam de 30 a 50 quilos do produto ou mais. A peça é vendida a R$ 40 o quilo. “Tem uns queijeiros aqui que estão pagando R$ 15 o quilo. Eu vendo a R$ 40. Olha pra você ver a diferença! Mas o meu queijo tem qualidade. Só vendo queijo de primeira. O povo pega o queijo e não questiona o preço. Alguns dizem que é caro. É caro, mas tem qualidade”, argumenta.
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A queijaria da Maria Geralda fica na Fazenda Antas, que ela chama de chácara. No lugar, próximo da região urbana de Tapira, ela e o marido passam o dia na lida e só retornam à residência, à noite, para descansarem. A mão de obra na confecção do queijo é toda dela. O queijo foi batizado de “Pingo da Serra”, nome que foi inspirado no pingo, soro usado na fabricação do Queijo Minas Artesanal, e também no relevo do local onde é fabricado. A fazenda fica entre montanhas. Também é uma homenagem, segundo ela, à Serra da Canastra, já que a chácara fica “nos portões de entrada da serra” famosa.
Registro - Sobre a duração do período de tramitação do processo no IMA para conseguir o Selo Arte, a técnica Gisele Santos esclarece que tudo depende muito do produtor. “Cada produtor tem o seu tempo de construção, de adequação, de equipar a queijaria”, afirma.
O gerente de Inspeção de Produto de Origem Animal do IMA, André Duch, afirma também que o tempo de regularização de uma queijaria no órgão depende de vários fatores e que pode estar relacionado ao histórico de pendências do produtor.
“Depende de qual estágio a pessoa está. Por exemplo, tem produtor que chega aqui pra gente registrar e não tem nada. Outro já tem uma queijaria muito bem encaminhada e só falta a documentação. Tem alguns que dependem de crédito ou financiamento”, disse.
O gerente do IMA esclarece que o Selo Arte não é automaticamente concedido no ato de registro da queijaria no órgão. “Não é automático, porque o produtor tem de solicitar em requerimento. A gente tem de ter um documento demonstrando o interesse dele. Agora, se no momento de registrar, ele cumprir tudo e fizer a solicitação, a gente analisa e automaticamente ele vai sair com o Selo Arte. Se não pleitear, o produtor ou produtora vai ter o registro, sem o Selo Arte”, informa, acrescentando também que é possível o requerimento do selo, após o registro.
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Segundo Duch, o estado tem 35 queijarias com Selo Arte. O número, que considera ainda baixo, ele atribui a vários fatores, um deles, à apresentação de uma documentação “mais robusta” que precisa ser comprovada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O gerente do órgão aconselha que, quem desejar legalizar o seu estabelecimento no IMA, deve procurar inicialmente a Emater-MG para ser orientado no cumprimento das exigências legais.
Garantia para o consumidor - A coordenadora estadual de Queijo Minas Artesanal, Maria Edinice Soares, confirma que a Emater-MG está apta a fornecer todas as informações necessárias ao trâmite do registro da queijaria e do Selo Arte e faz uma observação. “Hoje o IMA não trabalha mais com a figura do cadastro. Agora é registro. Registrando sua queijaria no IMA, você pode pedir o Selo Arte”, instrui.
Sobre o Selo Arte, Edinice esclarece também que é uma garantia a mais para o consumidor e uma forma de ampliar o alcance da comercialização para o fabricante. “Ele veio para falar ao consumidor que aquele queijo é artesanal e segue parâmetros de legislação de boas práticas agropecuárias e boas práticas de fabricação. E com isso o produtor pode colocar o seu produto em qualquer gôndola, tanto dentro do estado como fora do estado”, justifica.
De acordo com a coordenadora, entre os documentos que o produtor tem de entregar ao IMA, estão um memorial socioeconômico, descrevendo toda a estrutura de queijaria e de curral, programas operacionais de higiene e sanitização e comprovante de sanidade do rebanho, entre outros. “O papel da Emater-MG é orientar e apoiar o produtor na organização desses documentos e na assistência técnica”, confirma.
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André Duch explica que o Queijo Minas Artesanal pode ser produzido legalmente em todo o estado de Minas Gerais. Agora somente aqueles queijos que estão em microrregiões caracterizadas como produtoras, podem explorar no rótulo, a nomenclatura da região. Em Minas são oito as regiões produtoras caracterizadas: Araxá, Serro, Cerrado, Campo das Vertentes, Serra do Salitre, Triângulo Mineiro, Canastra e mais recentemente, Serras da Ibitipoca.
Tapira - O município de Tapira fica na região produtora de Queijo Minas Artesanal de Araxá e tem tradição na fabricação deste alimento, desde os tempos da colonização das terras locais. Ao longo da história, o produto foi fonte da renda de muitas famílias. A estimativa é que haja hoje em torno de 120 produtores de Queijo Minas Artesanal, segundo a unidade regional da Emater-MG de Araxá. Atualmente, quatro produtores de Queijo Minas Artesanal de Tapira estão em processo de regularização dos seus estabelecimentos. Mas, por enquanto, só Maria Geralda concluiu o registro e conquistou o Selo Arte.
Por: Assessoria de Comunicação Emater-MG
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