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Para ser exportado, o Queijo Minas Artesanal deve ser regulamentado


Feito com leite cru, o Queijo Minas Artesanal (QMA) é considerado patrimônio imaterial do estado de Minas Gerais, mas ainda não tem regulamentação para ser exportado.


Contudo, de acordo com o diretor de Agroindústria e Cooperativismo da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa-MG), Ranier Chaves Figueiredo, o governo mineiro está tentando agilizar a legislação que permitirá a aceleração segura da regulamentação às normas internacionais, o que poderá garantir a adequação às normas para a exportação. “Estamos conversando com o governo federal, mas ainda não temos nenhuma novidade sobre este assunto. É um processo complexo”, pontuou.


Principal marca do Queijo Minas Artesanal, o fato de ser produzido com leite cru, ou seja, não ser pasteurizado (feito com o leite fervido), gerou desconfianças até o final da década de 1990. Na verdade, conforme Figueiredo, é comum encontrar quem afirme que o queijo artesanal, por ser feito com o leite cru, não seja um alimento apropriado para o consumo humano.

“Entretanto, a ciência demonstra que, embora exista um risco adicional quando se trabalha com leite cru, este tipo de queijo é sim apropriado para a alimentação humana! Inclusive pode ser até mais benéfico do que queijos industriais”, ressaltou


Ainda de acordo Figueiredo, pesquisas realizadas por instituições científicas qualificadas em todo o mundo, demonstraram que a pasteurização mata todas as bactérias do leite. Entretanto, ela também extingue aquelas classificadas como probióticas, benéficas ao trato intestinal, à absorção de nutrientes e conhecidas por protegerem contra micro-organismos patógenos, melhorando a saúde das pessoas”, explicou.


Mestre em Veterinária e doutorando em Tecnologia e Inspeção de Produtos de Origem Animal pela UFMG, Figueiredo explicou que a regulamentação, juntamente com a facilitação das leis, garantiu a produção de queijos mais saudáveis, feitos com receitas familiares transmitidas de geração a geração.


A modernização da legislação que normatizava a regulamentação dos produtores em 2002 estimulou o crescimento do número de fabricantes de Queijo Minas Artesanal, gerando 30 mil empregos diretos, empregando cerca de 9.000 famílias atualmente, conforme o diretor de Cooperativismo da Seapa.


Ele explicou que, até o final dos anos 1990, a legislação era muito tecnicista e fazia exigências muito severas aos produtores de queijo artesanal que prejudicavam a regulamentação. “Como são feitos com leite cru, este tipo de produto era injustamente desvalorizado”, disse.


Contudo, em 2002, a Lei Estadual nº 14.185 criou condições para estabelecer parâmetros seguros e mais ágeis para incentivar a legalização dos queijos artesanais, o que estimulou o crescimento da produção e do número de empregos ligados a este tipo de fabricação.


Atualmente, com o Decreto 48.024 de 19 de agosto de 2020, outros queijos como o do tipo “Cabacinha” (caracterizado por ter forma semelhante à cabaça), o queijo parmesão do “Vale do Suaçuí” e o requeijão “Moreno” produzido em várias regiões de Minas estão em processo de regulamentação.


Os últimos queijos artesanais mineiros regulamentados foram o “Queijo Artesanal de Alagoa” e o “Queijo Artesanal Mantiqueira de Minas”, em 7 de abril de 2021, pelo governo do Estado de Minas Gerais, disse.

Slow Food

A mudança de percepção da importância das estratégias artesanais de produção deste tipo de queijo, conforme dossiê elaborado pelo Iphan, deve-se também aos integrantes do movimento Slow Food mundial.


Ainda conforme o dossiê do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, presentes em países como a Irlanda, Reino Unido, Estados Unidos da América e Austrália, os adeptos da Slow Food se posicionaram a favor de uma gastronomia feita em ritmo mais lento e não industrial.


Eles agiam na contramão da tendência do século XX, a de industrialização de produtos alimentícios, preparados de forma rápida, facilitando a correria cotidiana, como os Fast Food, associados a doenças como obesidade, hipertensão e diabetes.


Além disso, os integrantes da Slow Food também se empenhavam na defesa da diversidade cultural em um cenário de produção alimentar, do significado econômico da produção artesanal ao nível local. (MS)

As informações são do Diário do Comércio.

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