Apesar de Minas Gerais ser o maior produtor nacional de leite, com cerca de 9,7 bilhões de litros ao ano, as exportações de lácteos ainda são muito pequenas frente ao potencial. Com grande número de laticínios e um portfólio variado, o estado vem se preparando para melhorar as negociações com o mercado externo.
Uma das ações é o seminário on-line “Oportunidades comerciais internacionais para a indústria láctea de Minas Gerais”, iniciado ontem. Durante o evento, o segmento lácteo será apresentado para o mercado internacional e potenciais compradores.
O seminário é promovido pelo Governo de Minas, por meio das secretarias de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) e de Desenvolvimento Econômico (Sede), em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e o Sindicato da Indústria de Laticínios de Minas Gerais (Silemg).
Nos próximos dias, serão realizados painéis com as embaixadas do Brasil no Chile, Peru, México e Egito, países em que os mercados já estão abertos para os produtos lácteos brasileiros e já possuem protocolos necessários, sendo uma oportunidade importante para o setor produtivo conhecer e buscar negociações.
Durante a abertura do evento, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Fernando Passalio, enfatizou que Minas Gerais tem um grande potencial para expandir as vendas de lácteos para o mercado externo e que o governo do estado vem trabalhando para estimular os negócios.
“Minas tem grande potencial de crescimento no setor lácteo. Temos uma indústria láctea crescente, com escala, quantidade e qualidade. Por meio da Seapa, Fiemg e Silemg está sendo desenvolvido um trabalho importante em que se busca ter um produto seguro para todos, com alto padrão de qualidade, inclusive com queijos reconhecidos mundialmente. Por isso, temos condições de ampliar a pauta de exportação e diversificar com estes produtos de alto valor agregado”, pontuou.
Ainda confore Passalio, o governo de Minas tem adotado a postura de facilitar os processos para que as indústrias e os exportadores tenham condições e agilidade em fazer negócios. “Temos avançado bastante com políticas de desburocratização e celeridade, sem deixar a segurança e a responsabilidade de lado”.
Cadeia láctea
A secretária de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Ana Maria Soares Valentini, na abertura do seminário, mostrou o potencial produtivo da cadeia láctea e a capacidade de se fornecer diversos produtos para o mundo.
“Minas tem pauta diversificada do agronegócio, liderada pelo café, mas a pecuária de leite é fundamental no Estado e uma das mais tradicionais no meio rural mineiro. Minas é a principal bacia leiteira do país, com mais de 9 bilhões de litros por ano e respondendo por 27% da produção nacional de leite. Conta com diversas indústrias de laticínios e possui mais de 42 mil estabelecimentos agropecuários com agroindústrias investindo na produção diversificada de queijos, requeijões, manteiga, doce e creme de leite”, ressaltou.
Ana Valentini também chamou a atenção para a produção de queijos artesanais. “São oito regiões reconhecidas como produtoras do Queijo Minas Artesanal (QMA). Iguaria que identifica culturalmente nosso estado e já recebeu premiações em concursos internacionais”.
Potencial para explorar
Mesmo com tradição, qualidade e volumes, Minas Gerais ainda enfrenta dificuldades para exportar. O segmento lácteo tem pequena fatia nas exportações, mas as expectativas são positivas.
“Podemos crescer muito mais. Em 2020, as exportações do setor movimentaram US$ 16,5 milhões, apenas 0,2% do valor total exportado pelo agronegócio do Estado. Esperamos que, a partir desse encontro, o nosso setor produtivo e o setor importador dos países que participam do evento possam avançar nas negociações e que toda a diversidade dos produtos lácteos mineiros passem a integrar a lista de produtos exportados para estes mercados”.
Outro ponto importante que foi apresentado é o programa de certificação dos produtos lácteos do Estado, o que é feito pelo Certifica Minas Leite e Queijo Minas Artesanal. A preocupação e a cobrança por boas práticas de produção, qualidade e sanidade são essenciais para garantir a segurança dos alimentos para o mercado consumidor.
“O estado possui toda uma estrutura para certificar os produtos agropecuários e agroindústrias quanto às boas práticas de produção e à sustentabilidade social e ambiental, levando segurança para os consumidores”, explicou o subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Seapa, João Ricardo Albanez.
Para atuar com maior robustez e abrir maior espaço no mercado internacional, o diretor do departamento de Temas Técnicos, Sanitários e Fitossanitários do Mapa, Leandro Diamantino Feijó, destacou que, além das questões técnicas, a sustentabilidade ambiental, social e econômica já são uma exigência e que as empresas precisam se preocupar e se adaptar.
“O futuro, que já é presente, não existe mais comércio sem sustentabilidade ambiental. Além das questões técnicas, é preciso ficar atento à questão da sustentabilidade ambiental. Os governos têm requerido muitas mudanças nos processos das empresas e que elas possam garantir que aquele produto que está sendo exportado não promova o desmatamento de áreas e queimadas ilegais”, disse.
As informações são do Diário do Comércio, adaptadas pela Equipe MilkPoint.
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