Em qualquer processo industrial a água é um elemento amplamente usado, no setor alimentício isso é ainda mais evidente. Muitos tipos indústrias dependem de reações usando produtos químicos dissolvidos em água, ou suspensão de sólidos na água, ou usa-se o líquido para dissolver e extrair substâncias, ou então simplesmente para a lavagem de produtos e equipamentos. Imagine então tratar a água gerada por uma indústria que envasa por dia milhões litros de produtos derivados do leite, cada um passando por um processo fabril diferente? Esse é o desafio de marcas como a Marajoara Alimentos, cujo parque industrial fica em Hidrolândia, cidade da região metropolitana de Goiânia. Só de leite longa vida a empresa envasa mais de 12 mil litros por hora. Ao todo, a marca oferece mais de 10 itens em sua linha de produtos, entre leites desnatado, semidesnatado, sem lactose, cremes de leite, leite condensado e achocolatado. Desde 2013, para tratamento de toda a sua água residual, a indústria usa um método chamado Flotação — por meio de flotador por ar dissolvido — que garante um nível de eficiência no processo de purificação superior a 90%, bem acima dos 60% exigidos pela legislação ambiental. As impurezas retiradas da água ainda se transformam numa biomassa que é fornecida gratuitamente para produtores rurais como fertilizante. O processo de reaproveitamento de resíduos gera cerca de 300 toneladas de adubo por mês. “Essa água residual da indústria de laticínios tem uma carga orgânica muito alta e um grande desafio é justamente encontrar um método adequado para fazer esse tratamento, em especial quando se usa uma enorme quantidade de água. Felizmente aqui na Marajoara conseguimos fazer esse processo dentro de um alto grau de eficiência e ainda geramos essa biomassa que vira fertilizantes para produtores locais”, explica o gerente industrial da Marajoara, Antônio Júnior Vilela. Segundo ele, são cerca de 40 mil litros de água tratados por hora, num sistema que precisa funcionar sem parar, 24 horas por dia. Toda a água que é gerada pelas fábricas da indústria Marajoara, desde aquela que sai do próprio leite, que naturalmente já é composto por mais 87% de água, até a que é usada na lavagem industrial, de máquinas e na limpeza em geral passa pelo sistema. Equalização “O tratamento começa pelo tanque de equalização que recebe o que chamamos de água bruta. Nessa etapa é onde se consegue um líquido homogêneo, ou seja, fazemos a equalização dessa água bruta por meio de um agitador que há no tanque. Nessa etapa é feita a averiguação da água, desde seu pH até toda a sua carga orgânica”, explica o gerente industrial. Antônio Júnior diz que essa etapa inicial de equalização da água residual, antes do tratamento propriamente dito, evita grandes variações e ajustes no sistema, mantendo o elevado padrão de qualidade. Em seguida, uma bomba leva a água para o início do tratamento, num sistema tubular onde é feito a correção do pH. “Isso é feito adicionando soda (alcalino) ou ácido, por meio de bombas dosadoras. O nível do pH deve estar entre 6 e 7”, esclarece o gerente industrial. Depois é usado sulfato de alumínio, que é um coagulante poderoso e irá transformar essas impurezas da água, matéria orgânica e inorgânica, em pequenos flóculos. De acordo com Antônio Júnior, as partículas poluidoras desestabilizam-se e sofrem uma aglutinação, o que facilita a sua deposição ou aglomeração em flóculos. A próxima etapa do processo de tratamento é a flotação, que é quando se adicionado polímero. “Após a injeção do sulfato de alumínio, usamos o polímero que funciona como um floculante, fazendo essas impurezas virarem os flóculos e subirem para a superfície da água. Usamos, também nessa etapa, a injeção de ar por microbolhas, que auxiliam a flotação de todas impurezas”, explica o gerente industrial da Marajoara. Após esses processos químicos, na câmara de expansão as microbolhas de ar se expandem e agregam-se às partículas dos poluentes suspensos (óleo, gorduras, proteínas e outras substâncias orgânicas) e flotam (flutuam) para a superfície. Em seguida um raspador remove o lodo que se forma sobre a superfície da água. Esse lodo, segundo explica o gerente industrial, é justamente a biomassa que será aproveitada como fertilizante. “Nessa fase a água já está praticamente limpa, mas antes de levá-la ao meio ambiente a passamos para um outro tanque onde fazemos uma lapidação dessa água. O objetivo é eliminar alguns resíduos que possam ficar devido ao processo de flotação. Isso é feito por meio de um sistema de peneiras”, revela Antônio Júnior. Depois de tudo isso a água volta para o meio ambiente totalmente tratada. Fertilizante Antônio Júnior revela que a biomassa gerada após o tratamento da água tem uma importante destinação. “Há quase um ano conseguimos autorização da Semad (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) para oferecermos a produtores rurais de Hidrolândia essa Biomassa, que é um fertilizante, que fica após o processo de tratamento da água. Essa biomassa é muito rica em matéria orgânica, em micro e macronutrientes para o solo”, conta Antônio. O gerente industrial da Marajoara explica que o fertilizante é fornecido gratuitamente para produtores locais que são cadastrados. “Para receber esse adubo o produtor precisa fazer parte desse projeto. Antes de fornecemos esse material oriundo da biomassa fazemos uma série de análises de solo da propriedade, como outra série de averiguações para constatar se a terra pode receber o fertilizante”, diz. As informações são da Assessoria de Imprensas da Marajoara.
Rofer Eventos
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