Enquanto o gigante asiático mantém um crescimento no consumo de lácteos de +1 litro/habitante/ano, o setor de produção primária tem dificuldade em manter o mesmo ritmo.
Os produtores chineses têm os preços de matéria-prima mais altos do planeta, mas sendo o 3º maior país, possuem apenas 8% da área agrícola (1.000 m2/habitante quando, como referência, na Argentina têm 10.000 m2/hab), solos contaminados com metais pesados e o esgotamento das camadas de acesso à água doce.
O governo pode continuar subsidiando megaprojetos lácteos, importar vacas e manter um preço alto para o produtor, mas o limite será imposto pelos altos custos de produção acentuados pela importação de alimentos.
Com uma classe média crescente, equivalente a toda a população norte-americana, as preferências alimentares da população estão mudando de cereais para proteína animal, aumentando significativamente o consumo de carnes e laticínios.
O governo local estabeleceu uma meta de consumo de 100 lt. de equivalente em litros de leite/habitante/ano como ferramenta para melhorar a saúde da população e em 2021 com o pico histórico de produção de 38.000 milhões de litros, a China cobre apenas 26 lt/habitante/ano.
Embora 100 lt/pessoa/ano pareça pouco comparado ao consumo argentino (190 lt), ou a recomendação de 160 lt da Organização Mundial da Saúde, a proposta quase dobra o consumo chinês atual.
Recordemos que na década de 1980 o consumo chinês era de 5 litros/pessoa/ano para todos os conceitos, atualmente aproxima-se dos 50 litros e estabeleceu-se uma meta de 100 litros.
Além disso, a cada ano que passa, a intolerância à lactose tradicional vai cedendo com a entrada de novas gerações de consumidores de leite (apesar de ser um país com baixo índice de aleitamento materno, a possibilidade trazida pela importação de fórmula láctea de qualidade permitiu que as avós fornecessem leite para crianças acentuou isso a partir de 2009). Nesse contexto, a possibilidade de autossuficiência de leite com produção própria torna-se utópica.
Com um pouco de perspectiva, vejamos a evolução das importações nos últimos 22 anos. No século 20, as compras no exterior eram praticamente nulas. Em 2008, com a adulteração do leite em pó com melamina (numa tentativa muito grosseira de melhorar a análise da proteína do leite que causou algumas mortes e 300.000 crianças afetadas com gravidade variável), a população voltou-se para os produtos importados, preferência que ainda subsiste.
Depois a curva é marcadamente ascendente, com a queda de 2015 provocada por uma grande reestruturação da economia nacional e a do corrente ano de 2022 com a política Covid Zero com forte impacto na atividade econômica. Estimamos que a tendência de importação mostrada no gráfico continuará ao longo do tempo: a China precisa de leite.
Autor do artigo Marcos Snyder
As informações são do Dairylando, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.
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