A indústria de ingredientes lácteos apresenta novidades nas soluções de aplicação de produtos para atender o consumidor de alimentos com alto valor proteico.
Com a pulverização da produção desse alimento pelo mundo, os desafios para as empresas do setor se avolumam, mas com criatividade e acesso às melhores soluções e inovações, é possível se manter competitivo.
Com essa finalidade, de manter as empresas que fazem produtos lácteos cada vez mais competitivas, foi criada a USDEC – U. S. Dairy Council, uma associação independente e sem fins lucrativos que representa todas as empresas e associações da indústria de exportadores de lácteos dos Estados Unidos.
Com cerca de 110 membros, a associação se dedica a desenvolver e promover novidades, desde proteínas para suplementação, como whey protein, até outros produtos como leite em pó, soro e outros ingredientes.
Segundo Clarice Nagata, engenheira de alimentos, a maioria dessas empresas já está no mercado brasileiro e tem importadores e distribuidores que trabalham em parceria, mas ainda estão em fase de conhecimento do mercado para entender quais são as necessidades locais, encontrar com os clientes e ter a oportunidade de conhecer novos compradores.
Os Estados Unidos são o principal produtor e exportador de ingredientes de soro de leite. As exportações totais de soro de leite dos EUA em 2021 atingiram 614 mil toneladas, um aumento de 10% em relação a 2020 e 12% em relação a 2017, segundo dados da USDEC.
“Em relação à parte nutricional, quando a gente fala de proteína do leite, principalmente do soro do leite, foi comprovado que traz muito mais benefícios para a saúde devido ao tipo de proteína, ao tipo de aminoácido que é a leucina em grande porcentagem, e consegue trazer esse benefício com fatores para o organismo absorver melhor”, explica.
1. Crisp proteico
Entre as empresas que são associadas da USDEC está a Milk Specialties Global, uma processadora que produz ingredientes com foco na parte nutricional. São ingredientes especiais, diversificados, sendo proteínas com alto valor agregado. A empresa disponibiliza diversos tipos de proteínas. Do leite, destaque para a MPC (Milk Protein Concentrates) e a MPI (Milk Protein Isolates).
São proteínas para diversos tipos de aplicações, desde barra de cereal e iogurte, por exemplo. “São diversos tipos de proteína para usos específicos, com diferentes processos térmicos voltados especificamente para cada produto”, explica a engenheira de alimentos.
Segundo a USDEC, a indústria láctea dos EUA continuamente adota novas tecnologias para criar mais ingredientes de valor agregado, com diversas aplicações para a indústria de alimentos.
2. Caseína micelar
São ingredientes da próxima geração, como a caseína micelar, que também está no portfólio Milk Specialties Global, muito utilizada para a produção de queijos e outros produtos alimentícios.
A empresa tem estudado diferentes sistemas de microfiltração para separar caseínas e proteínas do soro de leite diretamente do leite. A fração contendo caseína é conhecida como caseína micelar, enquanto a fração contendo principalmente proteína possui vários nomes, como proteínas do sérum e soro derivado do leite (MDW – milk-derived whey).
3. Snack com 90% proteína
Outra companhia que integra a USDEC é a Erie Foods, que promove principalmente WPC, proteína Whey Protein 80, e um crisp proteico que consegue fornecer até 90% de proteína.
“É como se fosse um floco de arroz, porém é de proteína. É possível produzir em diversos formatos e diversos tamanhos. Então, por exemplo, pode ser para uma barra de cereal com alta proteína, para um salgadinho snack, um drageado com cobertura de iogurte ou um chocolate. São diversas formas de inovar usando proteínas lácteas”, conclui.
4. Combinação de proteínas
Também atendendo à indústria no fornecimento de soluções lácteas, a Alibra, uma empresa especializada em fornecer ingredientes lácteos e não lácteos para o mercado de alimentos e bebidas, entre outros, tem o Mix Protein, uma combinação de proteínas do leite e do soro corretamente balanceadas, que permite a elaboração de produtos lácteos com altas concentrações de proteínas e/ou BCAAs, que são aminoácidos de cadeia ramificada compostos por três aminoácidos essenciais: leucina, isoleucina e valina.
Segundo a empresa, o produto proporciona maior estabilidade térmica e menor sabor residual, se comparado a outros produtos elaborados somente com as proteínas do soro. A empresa também tem soluções alternativas aos queijos tradicionais, sistemas proteicos, sistemas estabilizantes e espessantes, além de soluções lácteas aglomeradas para o segmento de bebidas expressas em cápsulas ou para vending machines.
5. Ingrediente clean label para aumentar o rendimento do leite
Já a Arla Foods apresentou soluções à base de soro de leite para a indústria láctea, trazendo uma variedade de ingredientes com múltiplas funções. São ingredientes lácteos para a reconstituição do leite, controle da viscosidade, aumento do rendimento e da otimização de processos, capacitando a produção de produtos lácteos clean-label, em bebidas e produtos lácteos com alto teor de proteína.
Como o Nutrilac® FO-7875, que oferece uma textura mais cremosa e suave, inclusive para receitas com baixo teor de gordura, é rico em Whey Protein (10%), tendo altos níveis de glutamina, cisteína e BCAAs, os aminoácidos de cadeia ramificada, segundo informações da empresa.
6. Mais sabor de leite
E o Variolac®, ingrediente 100% lácteo e clean label, que realça o sabor lácteo em alimentos e auxilia no preenchimento de corpo (mouthfeel) em bebidas. Também ajuda os fabricantes a eliminar o açúcar da lista de ingredientes, permitindo o uso de alegações “sem açúcar adicionado”, além de simplificar os rótulos através da redução de ingredientes listados na embalagem.
A equipe de aplicações da empresa na América do Sul preparou três receitas para destacar os benefícios do produto como modulador de sólidos lácteos e demonstrar como sua inclusão pode permitir alegações “sem açúcar adicionado”. Os novos conceitos são: uma bebida láctea fermentada; uma bebida UHT; e uma sobremesa UHT.
7. Gerenciamento da produção
Antes de inovar em produtos, muitas empresas sentem a necessidade de organizar sua produção. A Pool Leite, entidade de produtores de leite do Paraná, gerencia cerca de 2,5 milhões de litros de leite por dia com soluções da Engineering, consultoria especializada em Transformação Digital.
As ferramentas que contribuíram para essa marca recorde foram, primeiramente, os módulos da plataforma Digital Milk, da Engineering, responsáveis pela gestão da coleta do leite nas propriedades rurais e o aplicativo do produtor, denominado Smart Flow e que possibilita coletar e armazenar dados importantes para o funcionamento do negócio.
A plataforma Digital Milk busca melhorar o gerenciamento da cadeia do leite como um todo e o aplicativo Smart Flow disponibiliza aos cooperados da associação do Paraná os dados da coleta do leite em tempo real. Nele, é possível obter a programação, o mapa de produção, os indicadores de qualidade e os comunicados das cooperativas.
De acordo com Rodrigo Prioto, supervisor administrativo do Pool Leite, o aplicativo trouxe mais agilidade na análise dos dados. “Quando utilizávamos papel, tudo era processado manualmente e estávamos sempre um dia atrasado com a informação”, explica o representante da entidade.
Com o aplicativo em mãos, os produtores passaram a ter acesso a informações como volume e temperatura do leite. Além disso, o app ajuda na gestão da propriedade. “A tecnologia otimizou o processo e tornou a gestão eficiente graças ao acesso a dados em tempo real para a tomada de decisão”, explica Prioto.
No caso do Pool Leite, para captar os mais de 2,5 milhões de litros de leite diários, estão envolvidos na coleta em torno de 100 veículos, 135 motoristas, seis transportadoras, 80 rotas por dia, 45 municípios e 790 produtores de cinco cooperativas. Todas essas empresas e profissionais recebem o auxílio das soluções da Engineering para otimizar a produção e distribuição do leite ao longo de toda a cadeia.
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